O etnocentrismo faz com que determinada população veja sua
sociedade como superior às demais e isso, historicamente falando, foi utilizado
para tentar justificar a “Doutrina Monroe” e colonização que mais tarde levaria
à Grande Guerra. Principalmente nos dias atuais, em que vive-se um período
denominado de “crise dos refugiados”, torna-se imprescindível discutir esses
conceitos, a fim de evitar desavenças culturais que podem levar à guerras.
Entretanto o etnocentrismo é confrontado por outro conceito
antropológico, o relativismo cultural. Essa perspectiva tenta distanciar o
homem dos seus pré-conceitos e pré-julgamentos, para que este tente estudar a
outra sociedade tentando enxergar como os nativos daquela comunidade se
enxergam, despindo-se do etnocentrismo. Esse olhar, no momento delicado em que
vivemos, é algo a ser buscado constantemente, para evitar que o etnocentrismo
possa desencadear conflitos e até o etnocídio. Discutir ambas perspectivas
torna os homens democráticos, porém o relativismo cultural, em suma, evita
conflitos.
Por outro lado, a xenofobia, assim como o etnocentrismo,
representa um entrave para o relativismo cultural. Ela é, justamente, a aversão
ou medo de pessoas que não pertençam à comunidade a qual estas estejam
familiarizadas, por exemplo, pessoas de outro país. O relativismo cultural, por
sua vez, parte da premissa de se despir desses julgamentos. Portanto, não ter
medo do outro, mas tentar enxergá-lo como seu igual. A xenofobia, partindo de
um silogismo lógico, não permite que a pessoa em questão consiga ver outras
sociedades a partir do relativismo cultural, então, a xenofobia precisa ser
superada.
Por isso é explícita a importância de se discutir esses
conceitos nos dias de hoje. Os discursos de ódio mostram-se cada vez mais
presentes atualmente. Vivemos numa época de crises políticas e de globalização,
permitindo que pessoas em situação de vulnerabilidade recorram à imigração, com
o objetivo de buscar refúgio em outro país. No entanto, encontra-se naturais
dessas nações expressando ódio e intolerância aos que chegam, alegando que
estes tiram suas oportunidades de emprego e que acabarão “miscigenando a
população”. Esses posicionamentos realçam o etnocentrismo, ao se perceber como
superior a outrem, e não se atentam à uma das principais características das
sociedades contemporâneas: o hibridismo cultural, que é justamente quando
alguém entra em contato com outra cultura de forma permanente. O etnocentrismo
ignora a sociedade globalizada, ao não perceber o processo de hibridismo
cultural.
Por fim, a música "Diáspora", da banda Os
Tribalistas, trata-se de uma representação da realidade de muitos povos
imigrantes, o sofrimento por estar distante da família, sem um rumo definido e
a falta de valorização das diversas culturas que acabaram agregando-se às
outras nações nesse processo. Já a tirinha "Nada contra" mostra a
hipocrisia e ignorância social diante da xenofobia, quando os personagens dizem
não possuir preconceito, seguido de uma conjunção adversativa, provando a
ironia da afirmação. Ambas as obras possuem ligação com o processo de união de
culturas através da imigração, no entanto havendo, ainda, o desrespeito diante
do que é diferente.