Antropologia, cultura e sua relevância para a atualidade - DELTA | Cultura online

Antropologia, cultura e sua relevância para a atualidade

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As discussões sobre cultura influenciam até hoje a forma como analisamos a sociedade. No século XVIII, debatiam sobre patrimônio genético, por conta da publicação do livro “A origem das espécies”, de Charlies Darwin. Nessa época, muitos tentaram teorizar e validar que haviam diferenças as quais inferiorizam pessoas em detrimento de outras. Concomitantemente, a teoria do evolucionismo cultural, dispendia a evolução humana em uma linha reta, e o estado de maior evolução seriam os países de aspectos similares aos europeus. Ademais, Claude-Levi Strauss discorre que a Europa era etnocêntrica (se viam como superiores), mas ele também notou que há etnocentrismo em outras sociedades.
O etnocentrismo faz com que determinada população veja sua sociedade como superior às demais e isso, historicamente falando, foi utilizado para tentar justificar a “Doutrina Monroe” e colonização que mais tarde levaria à Grande Guerra. Principalmente nos dias atuais, em que vive-se um período denominado de “crise dos refugiados”, torna-se imprescindível discutir esses conceitos, a fim de evitar desavenças culturais que podem levar à guerras.
Entretanto o etnocentrismo é confrontado por outro conceito antropológico, o relativismo cultural. Essa perspectiva tenta distanciar o homem dos seus pré-conceitos e pré-julgamentos, para que este tente estudar a outra sociedade tentando enxergar como os nativos daquela comunidade se enxergam, despindo-se do etnocentrismo. Esse olhar, no momento delicado em que vivemos, é algo a ser buscado constantemente, para evitar que o etnocentrismo possa desencadear conflitos e até o etnocídio. Discutir ambas perspectivas torna os homens democráticos, porém o relativismo cultural, em suma, evita conflitos.     
Por outro lado, a xenofobia, assim como o etnocentrismo, representa um entrave para o relativismo cultural. Ela é, justamente, a aversão ou medo de pessoas que não pertençam à comunidade a qual estas estejam familiarizadas, por exemplo, pessoas de outro país. O relativismo cultural, por sua vez, parte da premissa de se despir desses julgamentos. Portanto, não ter medo do outro, mas tentar enxergá-lo como seu igual. A xenofobia, partindo de um silogismo lógico, não permite que a pessoa em questão consiga ver outras sociedades a partir do relativismo cultural, então, a xenofobia precisa ser superada.
Por isso é explícita a importância de se discutir esses conceitos nos dias de hoje. Os discursos de ódio mostram-se cada vez mais presentes atualmente. Vivemos numa época de crises políticas e de globalização, permitindo que pessoas em situação de vulnerabilidade recorram à imigração, com o objetivo de buscar refúgio em outro país. No entanto, encontra-se naturais dessas nações expressando ódio e intolerância aos que chegam, alegando que estes tiram suas oportunidades de emprego e que acabarão “miscigenando a população”. Esses posicionamentos realçam o etnocentrismo, ao se perceber como superior a outrem, e não se atentam à uma das principais características das sociedades contemporâneas: o hibridismo cultural, que é justamente quando alguém entra em contato com outra cultura de forma permanente. O etnocentrismo ignora a sociedade globalizada, ao não perceber o processo de hibridismo cultural.  
Por fim, a música "Diáspora", da banda Os Tribalistas, trata-se de uma representação da realidade de muitos povos imigrantes, o sofrimento por estar distante da família, sem um rumo definido e a falta de valorização das diversas culturas que acabaram agregando-se às outras nações nesse processo. Já a tirinha "Nada contra" mostra a hipocrisia e ignorância social diante da xenofobia, quando os personagens dizem não possuir preconceito, seguido de uma conjunção adversativa, provando a ironia da afirmação. Ambas as obras possuem ligação com o processo de união de culturas através da imigração, no entanto havendo, ainda, o desrespeito diante do que é diferente.

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