A importância da disseminação do conhecimento - DELTA | Cultura online

A importância da disseminação do conhecimento

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Uma das maiores dificuldades do direito contemporâneo é como alcançar a todos, possibilitando o acesso à justiça em sua plenitude. Boaventura de Souza Santos sinaliza que o direito pode ser emancipatório, se houver uma revolução democrática da justiça. Nalini indica 3 aspectos que dificultam o acesso a justiça, sendo eles: o desconhecimento do direito; a lentidão do processo; e a pobreza.
Marioni agrupa o problema em outras seis perspectivas: 1) o custo do processo; 2) a duração; 3) o problema cultural: o reconhecimento dos direitos; 4) a questão psicológica (o pobre muitas vezes sente-se intimidado diante da Justiça); 5) os litigantes eventuais diante dos litigantes habituais; 6) a necessidade de reestruturação das categorias do processo civil individual para a efetividade da tutela dos conflitos de massa.
Diante de tantos problemas, uma das muitas soluções propostas é possibilitar ao estudante de direito, a digníssima tarefa de disseminar o conhecimento na sociedade. Muitos núcleos com o objetivo de garantir assessoria jurídica foram criados, ou visibilizar a existência do direito que funciona nas comunidades, sendo um passo importante para a redemocratização da Justiça, como é o caso do Núcleo de Estudos para Paz e Direitos Humanos na Universidade de Brasília, o qual publicava apostilas denominadas de “Direito achado na rua”.
O estudante percebe aqui a esperança de alcançar quem muito precisa do direito, mesmo que não tenha consciência de que determinados direitos estejam violados. Os alunos, no seu trabalho de disseminação do direito, de forma acessível, podem impactar direta e positivamente a vida de diversas pessoas. Por isso, inclusive, discute-se qual a função a academia deve ter diante desse papel fundamental: facilitar a disseminação do conhecimento, de forma a ser acessível para todos. 
Pensando nisso, recursos como a ‘assessoria universitária’, a partir de 1950, permitiu e continua a permitir o protagonismo estudantil, ou seja, atribui ao estudante certa autonomia, com a baixa participação de professores, por exemplo. Além dos benefícios da assessoria jurídica gratuita à comunidade, isto possibilita o desenvolvimento do aluno em um ambiente prático e desafiador.
Existem também as “práticas jurídicas insurgentes”, como é o caso do Instituto Latinoamericano de Servicios Legales Alternativos (Ilsa). Dentre as atividades promovidas por essa nova categoria, é possível citar serviços legais inovadores, assessoria jurídica popular e outros. Dentro deste último, pode-se inferir a advocacia popular, a assessoria universitária e a assessoria estudantil.
A educação jurídica popular também demonstra a preocupação da formação política sobre o direito como a formação de um espaço de lutas emancipatórias. A EJUP, por exemplo, tem a preocupação de reduzir a exclusão de segmentos sociais, fazendo-os se reconhecer como sujeitos de direitos. O saber jurídico permite, portanto, o entendimento da importância da cidadania, formação política e outros instrumentos importantes para a autonomia e reconhecimento da população como sujeitos de direitos. Dessa forma, conclui-se que o protagonismo estudantil ao disseminar o conhecimento jurídico é mais que importante — é essencial para a redemocratização da justiça e para possibilitar as lutas emancipatórias.  


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