Stranger things season 2: um olhar jornalístico - DELTA | Cultura online

Stranger things season 2: um olhar jornalístico

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Sem entrar no mérito de escrever uma resenha crítica sobre a segunda temporada de Stranger Things, pretendo me ater a um episódio em específico que, implicitamente, faz uma crítica à sociedade como um todo, através da produção jornalística. 
Explico: Nancy (Natalia Dyer) e Jonathan (Charlie Heaton) pretendem denunciar o laboratório Hawkings, inclusive conseguem uma gravação de um de seus cientistas, tentando fazer com que eles permaneçam em silêncio. Entretanto, o maior problema não é convencer o jornalista sobre "Demogorgon", "mundo invertido" e várias outros conceitos estranhos envolvidos no assassinato de Barbara (Shannon Purser). O maior problema era convencer a sociedade de que tudo aquilo é real. 
Mesmo com a gravação, um dos argumentos é que grandes corporações podem facilmente deturpar a situação, se destituindo da culpa e as pessoas acabam por acreditar porque, primeiramente, tendem a acreditar em figuras de autoridade. 
Não obstante, os próprios conversam que é muito difícil comprovar que existe "algo", além do que conhecemos. Sabe-se, através de vários estudos acerca do assunto, que os seres humanos tendem a temer o desconhecido, o fora do normal ou sobrenatural. Por isso, seria mais simples não contar a história verdadeira, porque dessa forma a sociedade acreditaria. 
Ou seja, sim, as pessoas preferem que mintam para elas, desde que seja mais verossímil, não despertando o medo e de forma a permanecer a ordem pública. O jornalista explica isso para Nancy e Jonathan: se quiserem destruir o laboratório Hawkinngs e responsabilizar os culpados pela morte de Barbara, eles precisavam "diluir a história", ou como na própria metáfora usada pela série, colocar mais água na vodka. 
Assim, é mais fácil que a comunidade acredite que houve um vazamento tóxico irresponsável de um laboratório, que temer por suas vidas e se protegerem das figuras sombrias que ainda permaneciam matando. Têm-se como direitos fundamentais o direito de informar, de se informar e de ser informado. Entretanto, até onde a sociedade quer ser informada? Até que ponto quer descobrir as verdades ou preferem permanecer com sua ignorância que obviamente, nesse caso, gera conforto e apaziguamento?
A série provavelmente não pretendia fazer um aprofundamento nessa questão, mas é um sentimento que o jornalista tem: existe o dever de informar, mas ao mesmo tempo precisamos fazer com que a história seja atrativa para o público, seguindo alguns critérios de noticiabilidade, caso contrário a emissora sequer irá publicar. O acesso e a manipulação da informação, talvez, ainda sejam alguns dos impasses paradoxais que precisam ser superados pela coletividade contemporânea. 

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