Com
a realidade das agressões contra as mulheres, alunas promovem manifestação
A imagem da mulher teve que passar por várias escolas
literárias para deixar de ser inatingível e idealizada. Hoje, constata-se a forte
presença de mulheres na literatura brasileira, descontentadas com a abordagem romântica
e não se restringindo ao existencialismo. Fora da literatura, elas também
buscaram o protagonismo, a liberdade e reivindicam medidas contra disparidades
de gênero, tais como diminuir efetivamente os índices de agressões contra
mulheres.
O memorável tema da redação do ENEM (Exame Nacional do
ensino médio), de 2015, abrangeu a persistência da violência contra a mulher.
Com isso, houve a inflamação da discussão do porquê permanece uma quantidade
assustadora de mulheres sendo vítimas de agressões, em suma cometidas por seus parceiros, mesmo existindo
a lei Maria da Penha e do feminicídio. Esses dados expostos para os 7,7 milhões
de candidatos, reascendeu o debate sobre as desigualdades de gêneros e sua conclusão:
as mulheres brasileiras ainda não alcançaram a equidade.
Nesse mesmo histórico 2015, o Colégio Antônio Vieira
vivenciou um incrível projeto, um mês dedicado às minorias sociais, projeto
nomeado de “sobrevidas severinas”. Foram palestras, sarais, debates, exposições
e diversas outras manifestações culturais. Mariana Queiroz, uma das
representantes do projeto, contou que “foi um marco na história das minorias do
colégio”.
Uma dessas manifestações, inclusive uma das mais
marcantes, envolviam várias alunas, maquiadas como se tivessem sido agredidas,
vestidas de preto (analogia ao luto), de mãos dadas e, periodicamente, uma das
participantes falava uma frase abusiva, comumente pronunciada por vários homens
brasileiros, enquanto em resposta, todas as outras mulheres respondiam com
“machismo mata!”.
Várias outras alunas se juntaram ao grupo, deram as mãos,
as lágrimas escorriam e depois, juntaram-se em um abraço coletivo.
Uma demonstração da união, perante a dor uma das outras, dando a verdadeira significação
ao termo “sororidade” – pacto de proteção e alento entre as mulheres. Mariana
disse que o ato foi um “recado aos homens que nos oprimem (mesmo
inconscientemente) todos os dias: juntas somos mais fortes”.