Acordar de manhã, se arrumar, pegar o celular e a carteira para sair em seguida, costuma ser uma tarefa comum à todos. Quando, em um dia qualquer, a rotina é quebrada e algum espertinho filho-da-mãe tenta roubar-lhe, é comum também ficar com frustração e raiva. E essa raiva, (quando não domina-lhe na hora, causando uma reação), faz com que o "após assalto" traga consigo outra preocupação: Recuperar o que foi perdido. Porém eu, não muito racional, entupo-me de raiva já que não tenho um orçamento expressivo para recuperar facilmente algo que foi perdido. Por isso talvez, minha frustração e raiva sejam maiores que as demais.
Um sábado à noite, eu havia saído com uma amiga para uma festa. Após algumas horas, dei por falta do meu celular e perguntei estava com ela, já que ela havia levado bolsa e eu havia guardado ali pela maior parte do tempo. Porém não mais estava conosco, eu havia sido furtada (que é diferente de ser assaltada, vale o destaque) e não mais recuperaria o celular, tampouco conseguiria comprar outro. E hoje escrevo, três meses depois, ainda com um celular ruim, tentando economizar para a compra de um próximo. E isso que me enraivece, por ter sido tão difícil conquistar aquele aparelho, para em apenas alguns minutos um engraçadinho leva-lo e lucrar com algo que não lhe pertence. Espertinho, "jeitinho brasileiro", nomeie como quiser, a desonestidade de alguns enraivecem aquele que, como eu, agora está lesado por sair no prejuízo, precisando economizar para comprar um novo.
O mesmo aconteceu dois dias atrás. Saí com essa mesma amiga para assistir o jogo do Brasil em uma festa destinada justamente para a comemoração da copa do mundo de 2014. Na saída, à alguns metros do carro, um engraçadinho bêbado colocou a mão no celular dela e ela saiu correndo para não ser assaltada. O mesmo acontece, você gasta dinheiro com o celular, para alguém vir e querer te assaltar, a raiva momentânea é dominante e em um país em que a justiça é falha, temos vontade de fazer justiça com nossas próprias mãos. Mas como eu não quero me igualar aos justiceiros do Rio de Janeiro, tento aceitar o fardo e lutar para conquistar o perdido. Bravamente, pois as chances de perder de novo são grandes. Mas olha, essa luta tem dois lados: A partir de agora todo celular comprado terá seguro e todo assalto terá boletim de ocorrência. Até a segurança no Brasil ser confiável e eficiente, eu estarei indignada e com medo de sair na rua para um dia ser assaltada novamente. E principalmente, com raiva. Onde você não pode nem sair para uma festa fechada, com segurança na porta, número contado de convidados, sem levarem seu celular. Entretanto, se nunca fosse assaltada, eu suspeitaria se realmente moro nesse país chamado Brasil.








