
Era um domingo, dia 03 de março de 2013. O relógio apontava para às 10h, mas a sensação térmica indicava o meio-dia. Entrei na praia, fiquei imediatamente com vontade de voltar para casa. Comecei a observar aquelas cenas típicas do verão de Salvador.
Olhei para um lado, os sorveteiros gritavam um mais alto que o outro, disputando os clientes. Os cachorros corriam na beirada do mar, perdidos de seus donos, se é que havia donos. Havia lixo em toda parte. A água de verde, já havia passado para uma cor que não consegui reconhecer. Os adolescentes com seus fones de ouvido, ou no pior das hipóteses, com caixinhas de som. Adultos dormiam esperando a insolação. Típico caos das praias.
"A humanidade não tem salvação" Pensei. Para melhorar a situação, perdi minhas duas filhas de vista. Saí correndo em direção do sul, onde as havia visto pela última vez. Enquanto estava desatendo, veio a cena que me intrigou pelo resto do dia. Um grupo de pessoas reunidas, ao redor de uma tartaruga marinha, que havia saído do ovo há provavelmente muitas horas, porém não havia conseguido chegar ao mar.
A confusão estava formada. Levá-la para o mar o deixá-la seguir seu curso? Nessas horas, não há nenhum biólogo presente para ajudar. Teriam que resolver no senso comum. Alguns argumentos usado na discussão eram, de fato, convincentes. Mas ainda não haviam chegado a uma conclusão. De que forma ajudariam o animal?
As crianças queriam levá-la para casa. Algumas já a tinha nomeado, pesando na consciência dos pais. A criatura já se contorcia. Causariam-na sua morte precoce? Unanimemente, não era o desejo de nenhum dos ali presente. Resolveram colocá-la no mar, causando alívio de muitos e diminuindo a tensão.
Alguns queriam uma foto, outros já haviam virado as costas. Eu comecei a andar. Uns mostravam-se realizados e eu dezena de vezes, pensei o quanto estava feliz por ver aquelas pessoas querendo salvar uma vida. Avistei minhas filhas correndo em minha direção, enquanto só uma frase repetia-se em minha cabeça: "Ora essa, a humanidade tem sim salvação!".







