Crítica: "Trama fantasma" - DELTA | Cultura online
Data de lançamento 22 de fevereiro de 2018 (2h 11min)
Direção: Paul Thomas Anderson
Elenco: Daniel Day-Lewis, Vicky Krieps, Lesley Manvill
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Título original: Phantom Thread
Distribuidor: Universal Pictures do Brasil
Ano de produção: 2017
Tipo de filme: longa-metragem
Não recomendado para menores de 12 anos
Classificação: ✩✩✩

Sinopse
Década de 1950. Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) é um renomado e confiante estilista que trabalha ao lado da irmã, Cyril (Lesley Manville), para vestir grandes nomes da realeza e da elite britânica. Sua inspiração surge através das mulheres que constantemente entram e saem de sua vida. Mas tudo muda quando ele conhece a forte e inteligente Alma (Vicky Krieps), que vira sua musa e amante.

Crítica 

Apesar de não estar tanto na mídia como outros filmes concorrendo ao Oscar, o filme a Trama Fantasma parecia ter muito a oferecer, já que foi indicado na premiação nas seguintes categorias: Melhor filme, direção, ator (Daniel Day-Lews), atriz coadjuvante (Lesley Manville), figurino e trilha sonora.Apesar de todas essas indicações, “Trama fantasma” recebeu mais notoriedade quando Daniel Day-Lewis anunciou que seria seu último filme.
É um filme grande, beirando ao exaustivo. Apesar da trilha sonora incrível (que inclusive têm tudo para levar a premiação), e o figurino de belos vestidos e a meticulosidade de explorar profundamente as angustias apresentadas, é um longa de pouca história, ou seja, o objetivo é apenas explorar os sentimentos daquele relacionamento e da vida daquele bilionário, mais nada acontece. 
A trama parecia se tratar do amor do casal ou se aquilo poderia se chamar de amor mesmo. Eles se gostam? É a pergunta que paira todo o tempo na cabeça do espectador. Existem outros sentimentos apresentados, o desespero pela atenção, a angústia, a solidão, carência e outros. Quem assiste se vê penalizado. Em determinado momento, eles parecem ter repulsa um do outro. Há cenas em que podemos captar as expressões de desprezo do Day-Lews ao ouvir Vicky Krieps fazendo barulhos, em planos bem pensados, até porque a fotografia do filme é muito bem feita. Mas é uma história em que seu ápice se encontra no desespero para se fazer ser vista, chegando a envenenar seu companheiro, para se mostrar necessária. 
Um recurso interessante é que  inicialmente Day-Lews era o protagonista e o filme se tratava sobre sua vida e sentimentos. Após a inserção de Krieps na trama, ela passa a ser a protagonista e o filme se trata sobre os sentimentos dela, enquanto o espectador passa até mesmo a culpar as atitudes arrogantes do bilionário como causa da miséria da protagonista. Além de também haver um complexo de édipo presente no personagem, Woodcock está sempre sendo amparado por mulheres: primeiramente pela saudosa mãe, depois por sua irmã responsável por manter todo o funcionamento da casa em ordem, depois por suas funcionárias que são responsáveis por quase tudo, desde vesti-lo até nutri-lo, e por fim Alma, que ele trata inicialmente como inspiração e companhia quando ele queira.  
O que parecia se um bom roteiro analisando a dicotomia entre um bilionário, bem sucedido, angustiado e uma mulher simples e de personalidade forte, acabou por mostrar um casal que de um lado é exigente, exagerado, regrado, categórico e decisivo, enquanto do outro uma menina rude, solitária, de poucos modos, infeliz e apaixonada. Ele a transforma em sua musa mas até os últimos momentos do filme nos vemos perguntando: "Por que é que eles estão juntos, afinal?". Apesar dos raros momentos em que eles parecem se gostar e os "eu te amo" não parecem ter sido ditos da boca para fora, Trama Fantasma é um filme que, apesar de ter uma fotografia e trilha sonora incrível, tem uma trama que poderia ter sido melhor, de diversas maneiras. 

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