Curso: comunicação, saúde e direito das mulheres - DELTA | Cultura online

Curso: comunicação, saúde e direito das mulheres

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No dia 06 de novembro, aconteceu no FIB, o curso de comunicação, saúde e direito das mulheres. Com a presença da presidente e vice do SINJORBA e uma das representantes da ONU MULHERES, o evento reuniu diversos profissionais e estudantes de jornalismo. Começou tratando da Zika Vírus: doença que atinge principalmente as mulheres pobres, sobretudo as negras e as indígenas. Por isso estávamos ali, para "levar o assunto a sério", o que não está ocorrendo, até porque os arbovírus estão naturalizados no cotidiano dos brasileiros, especialmente na Bahia. Em 2016, a OMS decretou situação de emergência internacional.
Retificou, no curso, que o patógeno é transmitido por via sexual e tem efeitos sobre a gestação e não somente nos três primeiros meses, como muitos pensam. Um dos sintomas é o endurecimento precoce da caixa craniana e o impedimento do cérebro de expandir. A microcefalia não é a única má-formação causada pelo zika vírus. Por isso se fala em má-formação congênita.
Não se sabe o porquê de a zika ter "estourado" na Bahia. Existem vários fatores os quais são favoráveis, como a crise política, econômica, a copa de 2014, dentre outros, inclusive a questão de o vírus circular entre as pessoas assintomática, ou seja, portadores da doença mas não exibe os sintomas - portanto somos potenciais transmissores - e ele dialoga, assim como a chikungunha, com a síndrome do Guillian-Barré.
Estudos mapearam que a doença tem impacto até mesmo no PIB. Há impacto social (as pessoas precisam, muitas vezes, se retirar do mercado de trabalho), impacto ambiental, no turismo (os viajantes ficam com medo da doença, até então, desconhecida) e na rede de saúde, onde o tratamento para a doença está no SUS (sistema único de saúde). Por isso, o SUS possui uma alta leva de profissionais especializados, que aprenderam muito na "guerra contra o vírus".
O estudo PNUD (programa das nações unidas para desenvolvimento) mostrou que no Brasil, Colombia e Suriname houveram perdas no PIB de U$ 7 a 18 bilhões de 2015 a 2017. Há também U$ 1 bilhão de perda para cada 5% de aumento na taxa de infecção. A infecção atinge principalmente mulheres jovens, de 18 a 24 anos, que muitas vezes estão enfrentando sua primeira gestação. Das gestantes provavelmente infectadas 63,5% são negras. A região Nordeste tem 76,2% dos casos confirmados de SCZv. Outros dados estão disponíveis no link: https://goo.gl/tMdmFX
É preocupante a chegada do verão, por conta das chuvas rápidas mas que o forte calor torna um cenário propício para a reprodução dos insetos. Por outro lado, uma das grandes causas das doenças transmitidas por insetos estarem assolando as metrópoles: o desmatamento faz com que esses insetos não tenham mais seus habitats naturais.
Nos Estados em que o aborto permanece sendo um Tabu, essa doença acaba por interferir também no direito ao acesso à saúde, no direito sobre o próprio corpo e sobre o direito de interromper a gestação. Na Bahia, existem muitas mulheres atendidas no Hospital Roberto Santos que tomaram Cytotec (remédio para úlcera que tem componente abortivo) o que causava demasiada quantidade de mulheres com complicações por conta dessa situação.
Do mesmo modo, houve a discussão sobre a pedagogia da prevenção, a qual parte da premissa de que se as pessoas têm acesso à informação qualificada, há uma direta melhora na tomada de decisões, garantindo acesso à direitos e a dignidade.
Por fim, houve recomendação do livro antropológico "Cidade das mulheres", sobre a cidade de Salvador nos anos 30. O filme "as Sufragistas" e o livro antropológico "Gênero raça e sexualidade na Bahia do século XIX" também foram recomendados.
Como fechamento do curso, questões foram levantadas para desencadear reflexão: Vocês já viram mulheres negras estampando matérias de saúde e bem-estar? Quais estereótipos, mesmo "positivos", reforçam questões históricas como racismo? Qual o papel do jornalismo para a manutenção ou transformação dessas estruturas?
Saiba mais sobre o evento e sobre a atuação da ONU MULHERES em https://comunicacaoedireitosdasmulheres.wordpress.com/

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